Gestão Financeira

Fluxo de caixa descontado: o que é e como funciona?

Você sabe o que é fluxo de caixa descontado? Nunca ouviu falar? Mas com certeza você sabe que qualquer real recebido hoje valerá menos daqui a algum tempo se não for aplicado, não é mesmo? 

E é, justamente, por sabermos que o valor do dinheiro sofre alterações com o passar do tempo que a decisão sobre onde e como investir seu dinheiro pode ser tão complexa. 

No entanto, os  controllers contam com algumas ferramentas para ajudá-los nessa tarefa e também para avaliar empresas e verificar o seu grau de atratividade para investidores. Dentre essas ferramentas está o método do fluxo de caixa descontado, que leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. 

Se interessou e quer saber mais? Acompanhe este nosso novo artigo e fique por dentro do assunto. 

Boa leitura!

O que é fluxo de caixa descontado?

O fluxo de caixa descontado (FCD) é uma ferramenta que serve para calcular o valor de uma empresa, de um projeto ou de um ativo através do tempo. 

Essa metodologia é amplamente utilizada tanto no mercado de capitais quanto em operações de fusões e aquisições por investidores, consultorias e demais interessados em conhecer o valor de uma empresa. Já que com ela é  possível trazer para o momento atual, mediante uma taxa de desconto, as projeções de fluxo de caixa da empresa. 

Esta taxa de desconto é composta por todos os custos do capital (próprio e de terceiros) e pelos riscos do investimento.

Ou seja, na prática a ferramenta se faz extremamente útil quando a empresa vai captar investimento, se fundir com outra ou quando vai ser vendida. Por meio do fluxo de caixa descontado os gestores podem ter uma ideia exata do potencial de investimento oferecido pelo negócio e de quanto capital ele pode atrair.

Vantagens e desvantagens da ferramenta

Como grandes vantagens do uso do fluxo de caixa descontado, devemos destacar sua credibilidade e a fiabilidade, respaldadas na sua ampla utilização. Em todo o mundo, analistas de investimentos recorrem diariamente ao método.

No mais, com ele é possível ter uma visão bem mais precisa do valor de uma empresa no mercado. Dessa forma, os gestores podem contar com dados fortemente embasados em um cálculo eficaz na hora de tomar suas decisões.

Porém, como o método lida com projeções, a avaliação somente será acurada se suas projeções também forem. Portanto, é preciso muito cuidado na hora de fazê-las.

Vale ressaltar que o método de Fluxo de Caixa Descontado produz um número isoladamente. Ou seja, como acontece com qualquer outro indicador de análise de viabilidade de investimentos, ele não deve ser analisado isoladamente.

Diferença entre o fluxo de caixa e o fluxo de caixa descontado

Para que não fique nenhuma dúvida, antes de avançarmos no estudo do fluxo de caixa descontado é necessário destacar a diferença existente entre ele e o fluxo de caixa, digamos convencional.

O fluxo de caixa é uma ferramenta de controle que contabiliza o movimento de entradas e saídas de dinheiro do caixa da empresa. Durante sua elaboração, os gestores conseguem ter uma visão clara da situação atual e futura do negócio, podendo avaliar com segurança a disponibilidade financeira e a liquidez da empresa. Assim, um fluxo de caixa feito de maneira adequada tem relação direta com as possibilidades de crescimento de negócio. 

Já o fluxo de caixa descontado é uma ferramenta estratégica utilizada para determinar o valor de mercado de uma empresa ou analisar a viabilidade de um projeto. Com base nessa metodologia, a liderança da empresa pode definir os futuros investimentos que remunerarão melhor seus acionistas.

Como calcular o fluxo de caixa descontado?

O método do fluxo de caixa descontado leva em consideração alguns elementos-chave da gestão financeira, são eles:

1. Estimativa do fluxo de caixa

Por estimativa de fluxo de caixa entende-se o montante de caixa recebido e gasto por uma empresa em um determinado intervalo de tempo. Essa é a parte mais importante e mais complexa do processo. É preciso projetar todas as variáveis de um fluxo de caixa (faturamento, custos, despesas operacionais e etc.) e prever como fatores externos podem impactar no seu negócio.

Segue abaixo alguns exemplos de fatores externos que podem inviabilizar seu projeto de investimento caso não sejam levados em consideração no momento da elaboração do fluxo de caixa descontado:

  • Aumento da concorrência em decorrência da entrada de novos concorrentes no mercado (perda de Market Share);
  • Alterações nas alíquotas dos impostos ou criação de novos tributos;
  • Aumento geral do nível de inadimplência em decorrência de crises econômicas;
  • Redução nas vendas causadas por retração do mercado;
  • Mudança no padrão de consumo, tornando seu produto ou serviço mais obsoleto a cada dia;
  • Elevação dos custos das mercadorias, serviços, consumo ou matéria prima, reduzindo drasticamente a margem de lucro.

2. Determinação da taxa de desconto 

A taxa de desconto é determinada pelo custo médio ponderado de capital que leva em consideração a estrutura de capital da empresa, ou seja, a proporção entre capital próprio e de terceiros (dívida) e pelos riscos de investimento.

A taxa de desconto é aplicada aos fluxos de caixa para trazê-los ao valor presente.

3. Horizonte de Tempo das Projeções

 Reflete a delimitação do prazo de geração dos fluxos de caixa esperados. Na avaliação de empresas que não têm vida útil estimada, é considerado que elas existirão sempre. Entretanto, por razões óbvias não é fácil projetar fluxos para 100 anos, por exemplo. Por isso, normalmente as avaliações projetam fluxos de caixa por 5, 10 ou 15 anos (período previsível), e após esse período de projeção é calculado o valor residual.

4. Cálculo de valor residual

O valor residual de um bem é o valor estimado do ativo ao final de sua vida útil. Ou seja, o valor ao final do período durante o qual o ativo poderá ser utilizado por uma empresa.

Exemplo de cálculo do fluxo de caixa descontado

Com tudo isso em mãos é possível calcular o valor de uma empresa/ativo ou analisar a viabilidade de um investimento (expansão de uma fábrica, lançamento de um produto e etc.).

Vamos ver agora um exemplo bastante simples, mas que pode ajudar na compreensão de como funciona o fluxo de caixa descontado.  

Vamos calcular o valor da sua empresa e suponha que ela tenha a seguinte projeção de fluxo de caixa ao longo de quatro anos:

1º ano – R$ 55.000

2º ano – R$ 65.000

3º ano – R$ 75.000

4º ano – R$ 85.000

Já temos portanto a definição do ponto 1 (estimativa dos fluxos de caixa) e do ponto 3 (horizonte de tempo das projeções). Para fins de práticos, assumiremos que o valor residual do negócio é zero ao final do 4º ano.

A taxa de desconto que utilizaremos nesse exemplo é uma taxa de juros de 10% ao ano. A partir disso, calcule o retorno de cada ano trazendo ao valor presente com a taxa de juros e some as partes:

1º ano: R$ 55.000 / 1,10 = R$ 50.000

2º ano: R$ 65.000 / (1,10)2 = R$ 53.719

3º ano: R$ 75.000 / (1,10)3 = R$ 56.349

4º ano: R$ 85.000 / (1,10)4 = R$ 58.056

Total: R$ 218.124

Ou seja, o valor da sua empresa com base no fluxo de caixa descontado é de R$ 218.124.

Veja também: 3 diferentes métodos para calcular o valor da sua empresa

Conclusão

Entendeu o que é fluxo de caixa descontado e qual a sua importância? Como você pôde perceber esse assunto tem uma função bem estratégica na organização. Por esse motivo o cálculo d FDC deve ser feito de forma precisa, a fim de evitar erros que possam prejudicar ações, futuros investimentos e gerar prejuízos a curto e longo prazo.

Assim, o gestor financeiro e sua equipe devem ter domínio sobre a utilização dessa ferramenta. E isso é possível por meio da atualização do seu conhecimento sobre o valuation de empresas. Além, é claro, de melhorar o currículo dos envolvidos.

Então, conheça o curso de Valuation, tire suas dúvidas sobre o assunto, se atualize e aplique estes conhecimentos na sua rotina de trabalho.

  

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