Em toda operação comercial existem riscos. Porém, muitas pessoas não sabem que existem estratégias que podem proteger as operações financeiras das grandes variações de preços,ou seja, do chamado “risco de mercado”. E, entre esses recursos, encontramos o hedge.
Por isso, é interessante que todo investidor saiba, ao menos o que ele é e como é o seu funcionamento. E, para começar, que tal conferir este artigo sobre o assunto?
O que é hedge e como ele funciona?
A palavra hedge vem do inglês e significa cerca. E isso faz todo o sentido quando falamos em controle financeiro. Afinal, uma cerca tem como função principal a proteção de algo valioso, e essa é exatamente a função da operação de hedge.
Sua origem está na busca pela proteção contra oscilações inesperadas nos preços, e é estratégia antiga que começou em meados do século XIX no mercado de commodities agrícolas de Chicago. Agricultores e pecuaristas que traziam seus produtos para vender na cidade queriam reduzir o risco de quedas súbitas nas cotações. E, para evitar esse risco, compradores e vendedores passaram a negociar os preços antes da entrega, dando origem às operações a termo.
Hedging significa adotar uma estratégia que tem como objetivo proteger um investimento ou ativo (commodities, dólar, ações ou títulos do governo), contra possíveis perdas, bem como assegurar o valor de uma dívida que será paga no futuro. Seria como comprar um seguro para sua casa para evitar um grande prejuízo caso ela seja furtada ou incendiada, por exemplo.
É claro que o seguro não irá impedir que algo aconteça com sua casa. Na verdade, você irá contratar o seguro esperando jamais precisar dele. E é assim que funciona o hedge, você o contrata para ter um proteção em casos de imprevistos, mas torce para que nunca precise utilizá-lo.
A partir do momento que um investidor faz um hedge ele está assumindo que há riscos no seu negócio e que o retorno poderá não ser tudo aquilo que ele previa. Seu objetivo com ele não é o lucro, mas sim escapar de riscos.
Ele é muito utilizado, por exemplo, por produtores agrícolas com o objetivo de se protegerem da indefinição do preço futuro das commodities e da grande oscilação de preços de seus produtos no mercado.
Para deixar mais claro, podemos imaginar que na entressafra o preço da saca de café arábica esteja cotada a R$ 350,00. Os produtores de café não têm certeza se ele estará valendo mais, igual ou menos na época da colheita. Então, para garantir o preço atual, o produtor compra uma opção de venda de R$ 350,00. Ou seja, o produtor comprar o direito de vender o café no preço atual com vencimento no período de colheita.
Assim:
- Se o preço da saca de café cair, haverá prejuízo, porém está garantido o preço de seus contratos futuros a R$ 350,00 na Bolsa.
- Já, se a saca do café se valorizar, com um preço acima de R$ 350,00, os produtores não serão obrigados a exercer o seu direito de vender os contratos nesse preço, e poderão vender a saca de café com valor maior.
Como se pode perceber, a operação de hedge protegeu os produtores da indefinição do preço futuro da saca de café.
Por fim, antes de passarmos para o próximo tópico, vale destacar que diversos riscos financeiros podem receber a proteção de uma estratégia de hedge, entre eles:
- Risco de commodities;
- Risco de créditos;
- Risco de câmbio;
- Risco de taxa de juros;
- Risco patrimonial;
- Risco de volatilidade;
- Risco de Volume.
Como planejar o hedge?
Investidores adotam uma estratégia de hedge quando estão preocupados com suas aplicações financeiras. Mas não pense você que ele é uma coisa apenas para grandes empresas ou altos investimentos. Empresas de médio e pequeno porte e investimentos variados podem adotar o hedge como estratégia.
No entanto, como qualquer outra operação financeira, o hedging exige um planejamento antes de ser executado. É fundamental que se faça um estudo minucioso de alguns fatores, entre eles:
- Condições de mercado;
- Instrumentos de controle de risco;
- Maneira de como o risco é encarado pela empresa;
- Pontos positivos e negativos do hedge naquele caso;
- Perspectivas dos preços;
- Riscos de cada uma das prováveis trajetórias de mercado.
Assim, para que um gestor possa realizar um contrato de hedge com segurança, ele deve ter em mãos dados objetivos e extremamente detalhados.
É importante também que todo esse planejamento seja realizado antes do início das negociações. Assim, evita-se possíveis discussões futuras e todas as partes envolvidas ficam a par dos detalhes operacionais e estratégicos das decisões que deverão ser tomadas durante o processo.
Quais são as vantagens e desvantagens do hedge?
A maior vantagem do hedge é a redução do risco do investimento. No caso em que um investidor fizer uma operação em que as variáveis estão fora de seu controle, como acontece com a maioria dos investimentos, ele terá prejuízos se o resultado final for diferente do que foi planejado. Assim, o hedge vai compensar as possíveis perdas e reduzir os riscos indesejados.
Já na compra e venda, o vendedor fixa um preço suficiente para cobrir seus custos de produção e garantir uma margem de lucro e o comprador fixa um preço de compra que garante um custo conhecido, não se sujeitando ao risco de alta no preço da mercadoria.
Por outro lado, o hedge também pode trazer desvantagens. Toda vez que um risco é reduzido, também há a redução de uma potencial recompensa para o investidor. E claro, uma operação de hedge não sai de graça.
Outra desvantagem é que nem todos os riscos podem ser completamente cobertos pela operação.
Conclusão
O hedge tem um papel muito importante para as operações de empresas que trabalham com variáveis que estão completamente fora de seus controles. Por isso, é interessante aprender a utilizar essa estratégia para garantir a saúde financeira do negócio.
Porém, cada caso é um caso, e o hedge só deve ser utilizado depois de uma minucioso estudo e planejamento, pois nem sempre pode ser vantajoso para determinadas empresas ou investimentos. E, quando se fala de dinheiro, todo cuidado é pouco.
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