No dia 25 de agosto, a BCN Treinamentos realizou um enriquecedor Seminário sobre People Analytics. O evento foi protagonizado por líderes da IBM, Bradesco, CCR, Grupo Segurador BB Mapfre e Integrare, todos especialistas na gestão de projetos de People Analytics. O evento também contou com a participação de líderes de organizações de diversas indústrias.
Introdução ao People Analytics
A ferramenta de People Analytics pertence a uma iniciativa mais abrangente chamada de Data Analytics. Esta ferramenta utiliza metodologias analíticas com o objetivo de incorporar o rigor científico nas decisões de gestão de pessoas, tornando a tomada de decisão mais eficiente, objetiva e justa. Interessantemente, essa prática já vem sendo aplicada em finanças e marketing há bem mais tempo. Basicamente, as metodologias dessa prática incluem a exploração de dados estruturados e modelagens estatísticas.
Se você trabalha no Google já deve ter ouvido falar sobre People Analytics desde 2006, mas para muitas empresas, incluindo respeitadas empresas de grande porte, essa prática é um tópico emergente e a sua implementação é ainda embrionária. Contudo, é impressionante como o Brasil está em um estágio de implementação comparável ao dos Estados Unidos, por exemplo. Se antes inovações de gestão e modelos de negócio demoravam anos para chegar ao Brasil, hoje essas mudanças acontecem quase que simultaneamente e nas duas direções. O responsável por esse fenômeno talvez seja o acesso a um fluxo enorme de informações compartilhadas online, ou seja, sem fronteiras.
O fato é que este é um assunto relativamente novo tanto no Brasil como em outros países. Assim, acredito que a melhor maneira de aprender sobre People Analytic seja através da troca de experiências entre profissionais que se aventuram em projetos desta prática. Eventos como o da BCN Treinamentos proporcionam essa troca enriquecedora de experiencias entre líderes de diversas indústrias.
Como participante do evento e atuante na área de gestão de pessoas eu gostaria de dividir alguns aprendizados importantes em relação a benefícios e desafios envolvidos em projetos de People Analytics.
Benefícios do People Analytics
- O benefício mais óbvio da iniciativa de People Analytics é a incorporação do rigor científico na tomada de decisão. Esse rigor, além de gerar vantagens financeiras, também aumenta o senso de justiça e a reputação da área de recursos humanos que muitas vezes é alvo de conotações negativas.
- Ao contrário do que muitos pensam, People Analytics não procura padronizar funcionários e recruta-los através de uma fórmula. Pelo contrário, essa ferramenta possibilita que cada atributo individual seja associado à cada detalhe da função de um trabalho. Organizações poderão maximizar a utilização de capacidades de maneira benéfica ao colaborador que terá experiencias personalizadas de acordo com seus interesses e habilidades. Uma análise complexa que suscita em colaboradores mais satisfeitos e eficientes, assim como em impactos financeiros positivos.
- Como observado nos exemplos anteriores, esta prática proporciona benefícios organizacionais que impactam diretamente nos indicadores financeiros. Adam Grant, Wharton School of Business, sugere que uma contratação malsucedida custa três vezes mais do que uma contratação bem-sucedida. Assim, investimentos em recrutamento e seleção são um exemplo de como o uso dessa ferramenta, se implementada de maneira correta, tem resultados benéficos e relevantes.
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Desafios do People Analytics
Apesar dos benefícios, existem vários desafios na jornada de implementação de People Analytics. Vou destacar os quatro que considero mais importantes: operacionalização de dados, perguntas certas, criação de modelagens estatísticas livres de vieses humanos e ética.
- Características individuais humanas, como preferências e personalidade, são de difícil definição e por isso não é tarefa simples operacionaliza-las, ou seja, transforma-las em um conceito que possa ser medido. Além disso, é crucial investir no monitoramento sistematizado de informações por parte da área de recursos humanos para criar dados estruturados e confiáveis. A qualidade das análises depende da qualidade dos dados coletados.
- Fazer as perguntas certas será outro grande desafio da implementação bem-sucedida de People Analytics. A coleta estruturada de dados e as modelagens estatísticas serão capazes prover informações de grande valor, mas o verdadeiro potencial de alavancagem dessa prática está nas perguntas a serem feitas baseando-se nos problemas que devem ser resolvidos. Essas perguntas irão orientar futuras ações e por isso devem estar alinhadas com as estratégias de negócio da organização.
- Nunca será possível erradicar os vieses humanos, mas podemos e devemos mitigá-los. Organizações serão desafiadas a criar algoritmos que não incorporem os vieses humanos, ou que ao menos os minimizem. De nada adianta ter os velhos preconceitos fantasiados de novos conceitos modernos.
- Finalmente, o quarto e mais importante desafio: a ética deve definir os limites tanto da coleta de dados quanto do planejamento de ações baseadas na análise desses dados. Para incitar confiança, organizações devem coletar dados de uma maneira que esteja de acordo com as expectativas dos colaboradores. Planejamento de ações também deve ter limites éticos e acredito que ver colaboradores como um investimento, ao invés de um gasto, pode ajudar a delimitar esses limites.
Em conclusão, People Analytics é o futuro da área de recursos humanos assim como Data Analytics é o futuro da gestão organizacional como um todo. Os benefícios são indiscutíveis e os desafios grandes. Porém, com persistência e foco em ética, os frutos dessa prática serão muitos.
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Artigo escrito por Deborah Moreira – deborahmoreira@alumni.harvard.edu a convite da BCN Treinamentos
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