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Dano moral no trabalho: O que é, como provar e possibilidade de indenização

O dano moral no ambiente de trabalho é um tema que suscita discussões relevantes sobre os direitos dos trabalhadores e a responsabilidade dos empregadores quanto a direitos subjetivos e não apenas os direitos trabalhistas previstos em lei.

Isso significa que situações de constrangimento, assédio ou qualquer forma de violação da dignidade pessoal são passíveis de indenização pois afetam a saúde mental e causam prejuízos aos colaboradores.

No Brasil, a quantidade de reclamações trabalhistas com pedido de indenização por danos morais e materiais é a mais elevada considerando todas as esferas do Poder Judiciário e correspondem a 12% das novas ações judiciais propostas no ano de 2023, conforme dados divulgados pelo relatório “Justiça em Números” elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça. Ainda segundo o referido relatório, somente no ano de 2023 foram 3.283.788 processos novos ajuizados perante a Justiça do Trabalho de primeiro grau, e 912.754 no Tribunal Superior do Trabalho.

Neste artigo trataremos do conceito, da prova e da possibilidade de indenização por dano moral no trabalho.

O que é dano moral no trabalho?

Dano moral no trabalho refere-se a situações em que um empregado sofre ofensas à sua dignidade, honra ou imagem devido a ações ou omissões de empregadores ou colegas. Isso pode incluir excessos de trabalho que causam desgaste físico e mental, humilhações, assédio moral ou qualquer forma de constrangimento que comprometa o bem-estar do trabalhador.

Esses danos são reconhecidos pela legislação e, quando comprovados, o trabalhador pode solicitar uma reparação por meio de ações trabalhistas, com a possibilidade de receber uma indenização que busca compensar o sofrimento experimentado.

Quanto tempo tenho para processar uma empresa por danos morais?

O prazo para ajuizar uma ação trabalhista por danos morais é de dois anos. Esse período começa a contar a partir da data em que o trabalhador tomou conhecimento do ato que causou o dano. Esse prazo está previsto no artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal, que estabelece que a prescrição de ações trabalhistas é de dois anos após a rescisão do contrato de trabalho ou do ato que gerou a reclamação. É importante que o trabalhador busque orientação jurídica o quanto antes para que seus direitos sejam respeitados.

Como comprovar o dano moral trabalhista?

A comprovação do dano moral no ambiente de trabalho exige uma análise cuidadosa, tendo em vista que, em geral, o ônus da prova cabe a quem reivindica a indenização. No entanto, o conceito de dano moral varia em determinadas situações, permitindo que a prova do ato ilícito seja suficiente para caracterizar o dano.

Primeiramente, é importante mencionar que o dano moral é considerado uma violação aos direitos da personalidade, que incluem a imagem, honra e privacidade do trabalhador. Quando um ato ilícito é praticado, como assédio moral ou discriminação, a vítima não necessariamente precisa demonstrar o sofrimento emocional de forma explícita. Em algumas circunstâncias, o dano é presumido, como nos casos de insultos ou humilhações.

A legislação brasileira, no Código Civil, trata desse assunto em seu artigo 186, que define como ato ilícito a ação ou omissão que cause danos a outrem, ainda que exclusivamente moral. Além disso, a Constituição Federal, em seu Artigo 5º, assegura o direito à indenização por dano moral decorrente de violações à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas.

Para comprovar o dano moral no trabalho, o trabalhador deve reunir provas que sustentem sua reclamação, como testemunhos de colegas, documentos que evidenciem a prática do ato ilícito, mensagens eletrônicas, gravações ou outros materiais que demonstrem a ocorrência da ofensa. Em casos de assédio moral, por exemplo, é fundamental apresentar provas que contextualizem o comportamento abusivo.

Embora a responsabilidade pela prova recaia sobre o autor da ação, situações de dano moral podem ser tratadas de forma que a demonstração do ato ilícito por si só já implique na presunção do sofrimento. Isso facilita a comprovação em casos em que o dano é evidente e diretamente relacionado a condutas impróprias no ambiente de trabalho.

Logo, para comprovar o dano moral trabalhista é fundamental reunir provas que sustentem sua alegação. Confira agora os tipos de prova mais comumente utilizados na Justiça do Trabalho:

  1. Testemunhas: Identificar colegas que presenciaram a situação e podem corroborar seu relato é essencial;
  2. Documentos: Juntar provas como e-mails, mensagens, gravações ou qualquer registro que demonstre o constrangimento ou abuso;
  3. Laudos e Atestados: Em casos em que o dano afetou a saúde mental, um laudo psicológico pode ser importante;
  4. Boletim de Ocorrência: Para situações de agressão física ou ameaças, registrar um boletim pode ajudar a formalizar a denúncia.

Reunir essas provas desde o início facilita a comprovação do dano moral na Justiça do Trabalho.

Qual o valor de uma indenização por dano moral no trabalho?

O valor da indenização por dano moral no trabalho está fundamentado na legislação trabalhista e civil. De acordo com o artigo 223-G da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os danos morais são classificados e, conforme a gravidade da ofensa, a indenização pode ser estipulada com base no último salário contratual do trabalhador. Os limites estabelecidos são os seguintes:

  • Dano leve: até 3 vezes o salário;
  • Dano médio: até 5 vezes o salário;
  • Dano grave: até 20 vezes o salário;
  • Dano gravíssimo: até 50 vezes o salário.

O artigo 932, inciso III, do Código Civil Brasileiro prevê que o empregador é responsável pelos danos causados a terceiros, incluindo danos morais, cometidos por seus empregados no exercício de suas funções. A jurisprudência também é importante nesse contexto, vale frisar que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que as indenizações por danos morais podem exceder os limites estabelecidos na CLT, desde que respeitados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Esse entendimento é no sentido de que cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em consideração as particularidades da situação.

No entanto, o valor da indenização é determinado pelo juiz, levando em consideração a gravidade do dano, as circunstâncias do caso, e o princípio da razoabilidade. A decisão pode considerar fatores como a intensidade do sofrimento, as condições em que ocorreu o dano e as consequências para a vida do ofendido.

Além disso, vale frisar novamente que a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) datada de junho de 2023, permite que os juízes arbitrem valores de indenização que possam ultrapassar os limites estipulados em legislações anteriores, desde que respeitem os princípios de proporcionalidade e razoabilidade.

Quem decide o valor da indenização por danos morais no trabalho?

O valor da indenização por danos morais no trabalho é decidido pelo juiz responsável pelo caso. Ele analisa as circunstâncias específicas da situação, considerando fatores como a gravidade do dano, o sofrimento da vítima, e as consequências na vida do ofendido. A jurisprudência e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade também são levados em conta, especialmente após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu que as indenizações ultrapassassem limites estabelecidos na CLT, conforme mencionado anteriormente.

Conclusão

Os danos morais no ambiente de trabalho são questões sérias que afetam a dignidade do trabalhador e exigem atenção por parte das empresas. A responsabilidade por reparar esses danos recai sobre o Poder Judiciário, que é quem deve avaliar cada caso e determinar a indenização adequada. No entanto, para evitar esse tipo de situação, é fundamental que as empresas implementem práticas preventivas. Isso inclui a criação de um código de conduta, a elaboração de planos de treinamento e conscientização, a contratação de um canal de denúncias e a melhoria da cultura organizacional, valorizando a dignidade e o bem-estar de todos os colaboradores.. Agora que você já sabe mais sobre esse tema, saiba também que a BCN treinamentos oferece o curso de curso de Dano Moral e pode te ajudar na contratação de um Canal de Denúncia. Conheça mais sobre os cursos oferecidos pela BCN Treinamentos. Entre em contato com a nossa equipe  e confira a nossa agenda de treinamentos.

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